Gonçalo Tavares |
“Nunca
se fala o suficiente da forma como se hipoteca a ambiguidade quando se diz sim
ou não, e quais as consequências dessa hipoteca.”
Gonçalo
Tavares (“Uma viagem à Índia”)
A ironia
desconcertante do autor de “Jerusalém”, quando nos colocamos no plano da ética,
deixa de surpreender-nos no mundo dos anti-heróis, navegando no mar do “nosso sublime ou apenas trivial e
universal, anonimato”, como diz Eduardo Lourenço, onde a única
transcendência é a “in-transcendência”
e “onde os ícones são mais visíveis do
que os ‘homens’” Aqui, por que é que a ambiguidade não seria… um valor? De
resto reversível no seu contrário, se carregássemos na tecla da epopeia.
A política é, hoje, o
lugar onde esse “valor” mais parece hipotecado. Não se pode fugir ao sim e ao
não, mas apenas para revelar a contradição como modo de pensamento.
Gonçalo Tavares
pergunta, a certa altura, se o início do mundo se pode localizar em quem é
empurrado. Quando, por força do ofício, se tem que insistir no registo “épico”, a verdade tem a forma do empurrão.
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