“Segundo
Barthes, no prefácio à ‘Vie de Rancé’, ‘a anamnese é uma operação exaltante e
lancinante; esta paixão da memória só se sacia num acto que confira finalmente
à recordação uma estabilidade própria da essência: escrever.’”
(Sarah Vadja
in “Chateaubriand: o Enchanteur contra os Panfletários – uma estética do
desgosto”)
A psicanálise recorre
à anamnese para dar um contexto narrativo aos sintomas do neurótico. Se
pudermos contar a nossa história, podemos seguir em frente, porque encontramos
o sujeito da acção.
Barthes refere-se a
uma paixão da memória que significa, no fundo, um desejo de salvação. Quando
essa paixão se converte em escrita, é para salvar o passado da anulação e do
esquecimento, o que não faz ainda o escritor. Para este, nesse sentido, tudo é
passado e a vida confunde-se com a sua (re)produção. Mais do que a “estabilidade
da essência” o que ele procura é o fantasma da ubiquidade e da acção ilimitada.
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