Samuel Beckett (1906/1989) |
“Vladimir – Sim, tu conhece-los.
Estragon – Não, não os conheço.
Vladimir – Nós conhecemo-los, digo-to eu. Tu esqueces tudo. (Pausa. Para si mesmo) A menos que não sejam os mesmos…
Estragon – Por que é que eles não nos reconheceram então?
Vladimir – Isso não quer dizer nada. Eu também fingi não os reconhecer. Além disso, nunca ninguém nos reconhece.”
(“À espera de Godot”, de Samuel Beckett)
As pessoas quando se zangam, também não se “reconhecem”, conhecendo-se muito bem. E é como se perdêssemos uma parte do mundo. Não é possível ir ali ou por ali. Nada revela melhor a utopia dum mundo de relações cortadas. Não tínhamos para onde ir.
No entanto, o indivíduo parece continuar inteiro, com o seu “mundo interior”, com um ídolo no lugar de Deus.
Alguém assim, só pode começar, por exemplo, a descrever a sua experiência quando se reconciliar, nem que não seja na actualidade.
Godot é o que permite aos dois vagabundos falarem. Pelo menos com ele estão de bem.
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