(Sophia de Mello Breyner Andresen-1964) |
"Mas
por mais bela que seja cada coisa,
Tem um monstro em si suspenso."
Sophia (Fundo
do mar)
Suspenso do futuro? Do presente?
Não é o olhar que cria o monstro, como
no célebre paradoxo de Shakespeare (o belo é horrível, e o horrível é belo). A
morte tem tudo para ser esse monstro, e há
efémeras belezas.
Mas a poesia parece ir mais longe,
como se dissesse, por exemplo, que a monstruosidade está no mesmo espaço da
beleza, mas a outra altura.
E eu posso ver no "Tempo
reencontrado" de Proust, o último volume do seu Magnus Opus, quando o narrador vê os efeitos do tempo nas criaturas
do antigo salão dos Guermantes, um exemplo dos "monstros suspensos" e
do tempo tornado espaço contíguo.
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