"A árvore da vida" (2011-Terence Malick) |
O começo tem o seu
quê de prédica. Mas depressa somos arrastados pelo turbilhão das imagens. Do
macro ao micro, os mundos confundem-se e, milagrosamente, esse panteísmo não
rompe o fio da história daquela família do Texas, nos anos cinquenta, com um
pai que julga ter falhado a sua vocação para a música e, ao mesmo tempo, receia
não saber transmitir o “manual da sobrevivência” aos três filhos. A morte
dum deles é um trauma até ser compreendido como um novo ser, a presença no
coração e, finalmente, na cena do deserto em que a distinção entre a vida e a
morte se perde, e a mãe pode oferecer a Deus o filho “reencontrado”.
O meio privilegiado
deste consolo filosófico é a perspectiva do tempo. Diante dos nossos olhos
passam o Big Bang
e as idades da terra. O episódio jurássico aparece num tempo circular sem a
cronologia presente em Kubrick, na cena dos símios e do genial raccord
da tíbia que se transforma em nave espacial. Passam as imagens da moderna descida ao centro da vida.
Entretanto, assistimos ao emergir da sexualidade em Jack, o filho mais velho
(Freud está lá, mas numa volta longínqua da espiral) e ao amadurecimento do pai
que agora sabe o que quer. Tudo sem soluções de continuidade e com referências
cinéfilas subliminares. Um filme desmedido e irrepetível à volta da primeira
ideia da religião: o indivíduo não é nada, os ramos e as folhas não se explicam
por si sós.
1 comentários:
E a música.
Um filme que quanto mais o relembro, mais me vai fazendo reflectir.
«Só há um modo de ser feliz:amar»
O filme é tão denso que perdura dentro de nós.
O início é absolutamente fantástico e inesquecível.
Maria Helena
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