domingo, 12 de junho de 2011

HIERARCOFOBIA

Still life Hierarchy Drawing (Maia Oprea)


“Há uma palavra que ressoa desagradavelmente numa época de direitos iguais para todos: é a hierarquia.”

(Friedrich Nietzsche)



A avaliação é um poder ou é a chave da qualidade que, numa sociedade de iguais, pode separar “o trigo do joio” e contribuir para o desenvolvimento das aptidões, tanto nas organizações como nos indivíduos?

É tudo isso, mas o facto de se ter tornado o pensamento “correcto” em funções que, desde sempre, foram hierárquicas, joga mais como poder destrutivo do que como critério de selecção.

A “língua de pau” da nova pedagogia defende que os professores se avaliem uns aos outros, que avaliem os alunos, e que estes, por sua vez, avaliem os seus “mestres” (grifado, porque se trata, de facto, de mestres depostos). Isto não é senão lógico, quando as pessoas já nascem iguais e com os direitos, mas impede que a escola exerça a sua função e faria abortar a própria célula familiar se as tradições, apesar de tudo, não contrariassem os efeitos da ideologia. Mas mesmo este último reduto está ameaçado, como se sabe, pela reeducação através da tecnologia.

O que se vê hoje, mesmo nas instituições mais prestigiadas do país, é os professores serem cada vez mais condicionados na sua avaliação dos alunos pelo poder que estes têm de retaliar na sua própria avaliação de quem os avalia. E não é apenas a carreira dos docentes que depende dessas notas, pode ser também o lugar. É assim que os melhores (os que são mais exigentes e, também por isso, mais justos) são colocados na “prateleira”, enquanto os outros se vêem obrigados a ceder à demagogia “pedagógica”, abrindo as comportas à incompetência e à desqualificação. E aqui temos uma das perversidades da avaliação, porque mais valia não haver avaliação nenhuma, a fazer prevalecer no ensino a pura relação de forças.

Esta situação é bem pior do que a da dívida soberana, porque nos prepara um futuro de servos (servos dos que são mais instruídos e melhor organizados).

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