Still life Hierarchy Drawing (Maia Oprea) |
“Há
uma palavra que ressoa desagradavelmente numa época de direitos iguais para
todos: é a hierarquia.”
(Friedrich
Nietzsche)
A avaliação é um
poder ou é a chave da qualidade que, numa sociedade de iguais, pode separar “o trigo
do joio” e contribuir para o desenvolvimento das aptidões, tanto nas
organizações como nos indivíduos?
É tudo isso, mas o
facto de se ter tornado o pensamento “correcto” em funções que, desde sempre,
foram hierárquicas, joga mais como poder destrutivo do que como critério de
selecção.
A “língua de pau” da
nova pedagogia defende que os professores se avaliem uns aos outros, que
avaliem os alunos, e que estes, por sua vez, avaliem os seus “mestres” (grifado,
porque se trata, de facto, de mestres depostos). Isto não é senão lógico,
quando as pessoas já nascem iguais e com os direitos, mas impede que a escola
exerça a sua função e faria abortar a própria célula familiar se as tradições,
apesar de tudo, não contrariassem os efeitos da ideologia. Mas mesmo este
último reduto está ameaçado, como se sabe, pela reeducação através da
tecnologia.
O que se vê hoje,
mesmo nas instituições mais prestigiadas do país, é os professores serem cada
vez mais condicionados na sua avaliação dos alunos pelo poder que estes têm de
retaliar na sua própria avaliação de quem os avalia. E não é apenas a carreira
dos docentes que depende dessas notas, pode ser também o lugar. É assim que os
melhores (os que são mais exigentes e, também por isso, mais justos) são
colocados na “prateleira”, enquanto os outros se vêem obrigados a ceder à
demagogia “pedagógica”, abrindo as comportas à incompetência e à
desqualificação. E aqui temos uma das perversidades da avaliação, porque mais
valia não haver avaliação nenhuma, a fazer prevalecer no ensino a pura relação
de forças.
Esta situação é bem
pior do que a da dívida soberana, porque nos prepara um futuro de servos (servos dos
que são mais instruídos e melhor organizados).
0 comentários:
Enviar um comentário