quinta-feira, 2 de junho de 2011

CATÃO E A FALTA DE CORRENTE

La mort de Caton d'Utique (Jean-Paul Laurens)



“Nunca um homem está mais activo do que quando não faz nada, nunca está menos sozinho do que quando está consigo mesmo.”

(atribuído a Catão, segundo Cícero)


É uma ideia que prescinde da política e do “espaço público”. Será uma ideia de patrício romano? Porque, então, como chamaríamos a tudo o que fazemos diante dos outros ou com eles? Mas há mais de uma nuança aqui.

O espectáculo não é uma acção para o espectador, e o actor, enquanto actor, não age, representa. E se somos arrastados por uma multidão, tampouco agimos. É como cair na horizontal. Até no amor, a acção habitualmente falta. Não é por acaso que na língua inglesa se diz “to fall in love” (cair no amor).

Catão era uma lâmpada acesa que julgava poder passar sem corrente. Podia ter-se lembrado da fábula de Menénio Agripa que falava sobre a interdependência dentro do próprio corpo.

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