domingo, 5 de junho de 2011

IMPLOSÕES

http://philadelphia.about.com/library



A ideia de que as crises são uma oportunidade de mudança (Milton Friedman chega a dizer que são a única) não é perversa em si. Muitos cataclismos no passado foram assim compreendidos, ou como um castigo de Deus, o que vem a dar no mesmo.

Pombal, depois do terramoto, não se deteve ante os interesses dos antigos ocupantes dos prédios destruídos nem nos do comércio que ali existia, e impôs a sua ideia de uma cidade moderna. Hoje ninguém lhe leva isso a mal, muito pelo contrário. O verdadeiro ditador foi o tremor de terra e foi preciso obedecer-lhe. As ideias de Sebastião José tiveram de esperar que o terramoto fizesse a “terraplanagem” necessária. Fazer da necessidade virtude, é sempre o melhor que podemos. O problema é quando o "sistema" começa a criar oportunidades artificiais.

Nos tempos difíceis que estamos a viver, também há ideias à espera, embora pareça faltar o Marquês (temos um marquês estrangeiro chamado “troika” que não pode ser patriótico e, teme-se, nem sequer europeu). Além disso, as ideias não se comparam às do Iluminismo e já foram submetidas à prova noutros lugares, com os resultados conhecidos de mais riqueza para uns poucos e de mais pobreza para a maioria. Não se trata de rasgar avenidas, nem de colocar o país no século XXI, mas de servir de “cobaia” na oportunidade para os novos senhores feudais aberta pela crise por eles mesmos criada.

Será a vez da democracia implodir? A "engenharia financeira" transformou a retórica democrática numa outra "língua de pau", com consequências desastrosas para o consenso social.

0 comentários: