http://philadelphia.about.com/library |
A ideia de que as crises são uma oportunidade de mudança (Milton Friedman chega a dizer que são a única) não é perversa em si. Muitos cataclismos no passado foram assim compreendidos, ou como um castigo de Deus, o que vem a dar no mesmo.
Pombal,
depois do
terramoto, não se deteve ante os interesses dos antigos ocupantes dos
prédios
destruídos nem nos do comércio que ali existia, e impôs a sua ideia de
uma
cidade moderna. Hoje ninguém lhe leva isso a mal, muito pelo contrário. O
verdadeiro ditador foi o tremor de terra e foi preciso obedecer-lhe. As
ideias
de Sebastião José tiveram de esperar que o terramoto fizesse a
“terraplanagem”
necessária. Fazer da necessidade virtude, é sempre o melhor que podemos.
O problema é quando o "sistema" começa a criar oportunidades
artificiais.
Nos tempos difíceis
que estamos a viver, também há ideias à espera, embora pareça faltar o Marquês
(temos um marquês estrangeiro chamado “troika” que não pode ser patriótico e,
teme-se, nem sequer europeu). Além disso, as ideias não se comparam às do
Iluminismo e já foram submetidas à prova noutros lugares, com os resultados
conhecidos de mais riqueza para uns poucos e de mais pobreza para a maioria. Não se
trata de rasgar avenidas, nem de colocar o país no século XXI, mas de servir de
“cobaia” na oportunidade para os novos
senhores feudais aberta pela crise por eles mesmos criada.
Será
a vez da democracia
implodir? A "engenharia financeira" transformou a retórica democrática
numa outra "língua de pau", com consequências desastrosas para o
consenso social.
0 comentários:
Enviar um comentário