"Verificamos, portanto, no prazer um abandono, uma perda de si, um êxtase, outros tantos sinais que descrevem a promessa de evasão que a sua essência contém. Longe de aparecer como estado passivo, o prazer abre na satisfação da necessidade uma dimensão em que o mal-estar entrevê a evasão."
"De l'évasion" (Emmanuel Lévinas)
Não é do ser que sentimos a nostalgia, pois, nas palavras de Lévinas, o prazer é "um processo de saída do ser", uma evasão enganadora que nunca cumpre as suas promessas.
Há então uma evasão que as cumpre e que vai ao encontro da tradição religiosa. É a ideia grega da prisão da alma.
O prazer não é aqui, aparentemente, objecto da moral e, de qualquer modo, surge como o sinal duma necessidade metafísica (a de ultrapassar os limites do ser). Mas é a via do "senso comum", ou do cavernícola platónico.
Mas pode-se perguntar se este desajuste entre o prazer e a necessidade não é apenas uma questão filosófica.
Claro que a evasão faz sentido (há toda uma indústria a isso dedicada), mas compreender que não se "sai para lado nenhum" também. Que os limites do ser resultam sobretudo da nossa fraqueza e da nossa distracção.
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