sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

CERVEJARIA


Beerhall (http://www.sentinelhillarchive.com)


"Não era a sua habitual audiência. Aqui confrontou-se com um clube exclusivo cujos 400-500 membros pertenciam à alta burguesia - muitos deles oficiais de alta patente, funcionários públicos, advogados e homens de negócios. O seu tom foi diferente do que usava nos beerhalls de Munique. No seu discurso de duas horas, não fez uma única menção aos judeus. Estava bem ciente de que as suas tiradas anti-semitas que excitavam as massas no Circus Krone seriam contraproducentes nesta audiência."

"Hubris" (Ian Kershaw)


A dissimulação, a capacidade de constantemente representar uma personagem para o seu público sempre intrigaram aqueles que queriam conhecer o verdadeiro homem.

Mas se Hitler, em grande parte era o medium dos sentimentos da massa e do seu desejo de morte, que alcançava alturas orgasmáticas nessas arengas de duas horas no beerhall, cujo esforço físico se podia medir pelas cinco libras do seu corpo com que o hissope da sua palavra satânica aspergia a multidão (de tal modo que era uma preocupação do serviço de apoio abastecer o púlpito com duas dezenas de garrafas de água), com a realidade da guerra e, sobretudo, com a invasão do leste, quando a sua sorte mudou radicalmente, um outro Hitler emergiu na grande ressaca. O demagogo sem massas, dependente da propaganda do seu ministro do interior para embelezar o desastre.

Este segundo Hitler que passa de objecto de idolatria para o de abominação já não possui realmente o poder. E a paranóia da máquina estatal e da sua engrenagem canibal é a melhor metáfora do cérebro dum homem que por um momento foi a loucura da nação.

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