Niels Bohr (1885/1962)
"(...) mesmo quando o fenómeno ultrapassa o domínio das teorias físicas clássicas, a descrição do dispositivo experimental e o relato das observações devem fazer-se na linguagem corrente, convenientemente enriquecida pelos termos técnicos da física. [...] A própria palavra experiência refere-se a uma situação tal que possamos dizer a outros aquilo que fizemos e aquilo que aprendemos."
(Niels Bohr, citado por Florence de Lussy in "Simone Weil - Oeuvres" - Gallimard)
"Toda a diferença entre a posição de Simone Weil, o seu 'realismo' que a obriga a remontar a noções intuitivas e imediatas, e a da física quântica, reside precisamente nesta noção nova de quantum de acção, que é, segundo a etimologia, alogon, 'o que não se pode dizer'. A mecânica quântica começa necessariamente com uma crise de palavras, comenta Cathérine Cherally." (ibidem)
Fala-se aqui de realismo a propósito da posição de Simone Weil, mas a ideia que subjaz é, com Descartes, a de que podemos compreender o mundo através de ideias distintas e evidentes por si mesmas, dado que só um Génio Mau nos poderia enganar quando temos uma certeza dessas.
A concepção weiliana dum acordo entre a estrutura do mundo e a matemática, acordo que inspira, mesmo na ciência moderna, a busca duma teoria que possa explicar tudo é, além disso, evidentemente, platónica.
A teoria da evolução, por exemplo, permite supor que aquele acordo seja aparente, ou exista só até certo limiar que é o da capacidade da nossa própria razão. Esse limiar explica-se por uma necessidade antropológica, sem recurso a um génio tortuoso. O nosso conhecimento do universo é necessariamente especulativo, já que só pode ser "falsificado" pelos avanços microscópicos da nossa experiência.
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