terça-feira, 4 de novembro de 2008

A SENHORA DO MUNDO?



"Embora os homens sejam em muito governados pelo interesse, apesar disso até o próprio interesse, e todos os assuntos humanos, são inteiramente governados pela opinião."

(David Hume)


Não há dúvida de que a sociedade regida pelo interesse seria muito mais previsível e racional do que a sociedade humana é de facto.

Apesar de ser uma ideia comum a de que são os interesses que governam o mundo e de que a famosa sentença marxista sobre a economia como última instância pareça abundar no mesmo sentido, a experiência prova que os homens podem muito bem deitar a perder os seus interesses, não apenas num acto tresloucado, mas precisamente pelas consequências daquilo em que acreditam.

Não se trata aqui da generosidade que é costume associar à juventude, mas da ideia do mundo que é necessária a qualquer pessoa para a sua vida fazer sentido.

É por isso que a opinião maioritária, ou o poder por ela legitimado, nunca podem chegar para impedir uma sociedade de se destruir a si própria. Pela mesma razão que uma opinião baseada na força, a regra maioritária, por si só, não permite que apareçam as melhores soluções, as quais nada têm a ver com a quantidade dos votos.

É como se às espécies, no seu processo de adaptação, fosse imposta uma única tendência ou um único movimento.

É pela sua tendência para o dogmatismo e para a coerção que até o poder mais legítimo tem de ser contido para que a razão, se quisermos, tenha alguma hipótese.

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