sábado, 29 de novembro de 2008

O PADRE ATEU


Joseph Fouché (1759/1820)

"Fouché decretara a supressão da miséria e lançara enormes contribuições sobre os ricos para sustentar os pobres. Os ricos contavam que Robespierre os libertasse de Fouché."

"História da Revolução Francesa" (Jules Michelet)


Naqueles tempos, era possível acreditar-se que um decreto podia suprimir a miséria. Ainda não tinha sido inventada a economia. Não se falava ainda em modo de produção, nem a ideia de sistema tinha ganho os espíritos.

Hoje toda a gente deve saber que a distribuição é apenas uma parte da economia. Tirar a uns para dar a outros está muito bem, desde que se continue a produzir, senão depressa se chega à igualdade na miséria.

Claro que os ricos nunca serão bons cristãos, nem bons socialistas. Os que ainda existiam na França de 93 não pensavam em restabelecer a economia, mas em restabelecer os seus privilégios. Sabiam, porém, que um espírito jesuítico como o de Robespierre, na posição que ocupava, os podia livrar de um demagogo que se estava nas tintas para o interesse do povo. Eis o retrato que dele nos dá o historiador: "A figura deserdada de Fouché (se bem que inteligente) assustava pela sua aridez. O padre ateu, o duro bretão, o pedante reprovado pela escola, todos estes traços eram repelentes no seu rosto atroz. Conseguir foi o seu símbolo. Era, no fundo, um homem muito frio, de um positivismo horrível. Fizera-se hebertista, acreditando que era a vanguarda. Sucessor de Collot em Lyon, foi destruído por Robespierre, veio conspirar contra ele, e trabalhou mais do que ninguém para o 9 Thermidor."

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