"Desde que se trata duma questão de segurança, elas (as informações sobre o regime colonial) têm hipóteses de ser tomadas mais a sério. Por muito penoso e humilhante que seja admiti-lo, a opinião de um país, sem nenhuma distinção de classes sociais, é muito mais sensível àquilo que ameaça a segurança do que ao que ofende a justiça."
"Les nouvelles données do problème colonial dans l'empire français (1938)" (Simone Weil)
Enquanto não se puder dormir sem medo de ser atacado pelo próximo, presa da violência ou da necessidade, os problemas da justiça nem sequer têm condições para se pôr.
Até com a fome se pode contemporizar, dentro de certos limites, e um faquir ou um homem que jejue por devoção ou em greve de fome não ficam diminuídos quanto à justiça ou injustiça de que são capazes. Mas a insegurança, o medo pela vida, apagam a própria luz do pensamento, só funcionam os instintos básicos.
Por isso, desde sempre, a sentinela começou por proteger o sono e o espírito. Como tudo pode degenerar, porém, a segurança torna-se às vezes no securitário e de condição da liberdade pública num cemitério onde só está acesa, na sua cela, a lâmpada do rebelde.
Esta perversão explica muito dos comportamentos verificados na experiência Milgram, para não falar da vitimologia do judaísmo na segunda guerra mundial.
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