sábado, 22 de novembro de 2008

O SEGURO E O GOSPEL



"Os Estados Unidos da América foram o único país moderno a não ter enveredado pelo caminho que leva ao Estado de prevenção e de seguros, com a consequência de que, nele, a religião ou, em termos mais gerais, a "disposição fundamentalista" conservará uma significação atípica da modernidade - opuseram-se às Luzes, que desagregaram a religião, como a todas as tentativas de retirar aos cidadãos as suas armas de fogo."

"Palácio de Cristal" (Peter Sloterdijk)


A lógica do seguro, de acordo com Sloterdijk, face aos riscos da existência moderna, mostrou-se "muito menos onerosa e muito mais praticável do que a justificação última da metafísica".

A excepção americana compensaria a falta do seguro com um zelo religioso que não se encontra em mais lado nenhum, no Ocidente.

Mas, em face do plano Paulson e da impunidade de todos quantos beneficiaram com a especulação e os desmandos que estão na origem da presente crise, temos de nos interrogar se a técnica dos seguros não prevaleceu também nesse país. Porque, os riscos tomados por alguns acabaram, de facto, por ser cobertos e os que se guardaram de correr riscos e ativeram à prudência acabaram por sofrer os danos.

Por isso, o televangelismo e o Gospel têm ali ainda um grande futuro.

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