Ernst Jünger (1895/1998)
"Foi, pois, com alegria que adquirimos a certeza de que a destruição não penetra até aos elementos e de que a sua ilusão se limita a encrespar a superfície como fantasmagorias que não resistem à luz do sol."
"Sobre as falésias de mármore" (Ernst Jünger)
Esta devia ser a profissão de fé de todo o materialista, dialéctico ou não. A matéria é imperecível e os átomos de que os homens são feitos hão-de continuar a sua própria odisseia pelo tempo e o espaço, mesmo depois do cogumelo atómico final. Ao mesmo tempo, esta distinção entre a aparência da destruição e a realidade (da permanência) é, evidentemente, platónica.
Jünger escreveu este texto "fantasmagórico", em que a minúcia duma natureza-morta holandesa se alia ao mais profético lirismo, a pensar na situação da Europa sob a ameaça do nazismo.
Mas a distância entre as personagens literárias e os seus modelos (entre os quais se contam Goebbels e Hitler, o Couteiro-mor) é tão difícil de transpor que o ditador não se sentiu implicado e permitiu que o escritor vivesse.
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