"Os fantasmas de Goya" (2006-Milos Forman)
Milos Forman fez um filme sobre a Inquisição servindo-se da personagem do pintor Goya como testemunha.
São temas que conhece bem, o da intolerância e o do abuso do poder.
O padre Lorenzo (Javier Bardem) é vítima do seu zelo inquisidor quando cai na cilada montada pelo rico comerciante, pai de Inês (Natalie Portman) que tinha sido apanhada pelas garras do Santo Ofício, demonstrando que se pode "confessar" o quer que seja sob tortura e que, contra a justificação hipócrita dos algozes, Deus não vem sempre em socorro dos inocentes.
Esses tempos sinistros parecem muito longe de nós e a Igreja para sempre ao abrigo desses terríveis desvios da sua missão.
Mas a verdade é que, se foram reconhecidos alguns abusos, nunca se disse alto e bom som que o espírito e o poder são incompatíveis, apesar da parábola da moeda que é devida a César.
A separação do Estado foi imposta à Igreja o que diz muito sobre a capacidade de auto-regeneração do poder. E, por outro lado, essa questão está ainda por resolver nos países islâmicos, com as consequências que se conhecem, favoráveis à guerra de religião.
Milos Forman conheceu outro tipo de Inquisição, em que as ideias foram usadas para oprimir e perseguir os seus compatriotas. E em "Voando sobre um ninho de cucos" (1975) deu-nos a parábola definitiva: se não pensas como nós, o teu destino são os electrochoques e a camisola de forças.
Podia chamar-se a isto intervir politicamente na base material do pensamento.
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