http://www.blogwaw.com/2007/02/une-histoire-de-soleil-levant/
Marx não terá inventado o nome, mas desde que completou a sua teoria sobre o Capital, a palavra capitalismo passou a ser inseparável da sua antítese, a sociedade sem classes nem exploração do homem pelo homem. Todas as características dum sistema são o negativo das do outro, pois fazem parte dum mesmo código linguístico. É assim em todos os sistemas regidos por um código, desde a religião à política.
Mas não há razão para dizermos que essas qualidades são reais, num caso porque se referem ao presente e noutro que são apenas teóricas por se referirem ao futuro. São nos dois casos descrições teóricas, e em função uma da outra. Tal como não existe Deus sem o Diabo, ou o Bem sem o Mal, não existe o Capitalismo sem o seu contrário. Por isso, quando empregamos esses termos estamos condicionados já por uma lógica e uma semântica e, no caso do sistema capitalista, encontramo-nos também, e desde logo, numa dimensão moral, a da injustiça intrínseca a esse sistema por referência ao Socialismo.
Esta linguagem é funcional, independentemente da realidade. Podemos continuar a estigmatizar um sistema em nome do outro, mesmo no domínio da ficção.
A experiência dos chamados países socialistas, enquanto durou, permitiu que ambos os sistemas aparentassem ter uma base real, mas sabemos com que trabalho de reconversão ideológica a prática teve de ser reenquadrada na teoria, onde a liberdade de expressão não podia expor naturalmente as contradições.
Com a derrocada do Bloco de Leste essa situação mudou. Mas os nomes não perderam o seu sentido porque o código é independente da realidade. E porque está ainda por fazer a auto-crítica, o sistema socialista pode, agora, sem o desmentido da realidade assumir o carácter de profecia que lhe deu Marx.
Não podemos, evidentemente, compreender a sociedade e o mundo em que vivemos através dum instrumento quebrado (a teoria invalidada), embora nem todos se tenham apercebido disso.
Mas se tudo depender dos milagres da História segundo os profetas, enquanto esperamos, podemos sempre indignar-nos. De qualquer modo, o profeta, ele mesmo, avisou-nos sobre o significado das repetições na História.
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