quarta-feira, 12 de novembro de 2008

AS INFOBERTAS


Óleo de Carlos Alberto Santos


"Como, porém, mesmo para os terroristas islâmicos, é demasiado tarde para rever a repartição das coisas e dos territórios no globo, confiscam grandes terrenos no espaço amplamente aberto da informação mundial. É nele que erguem os seus pendões, da mesma maneira que, antigamente, após os seus desembarques nas costas de África e da Índia, os Portugueses erigiram os seus padrões."

"Palácio de Cristal" (Peter Sloterdijk)


Os nossos Descobrimentos parecem estar a ter uma segunda vida na filosofia moderna, graças ao fenómeno da globalização.

A primeira rede foi, de facto, a daqueles que puseram as partes distantes do mundo em contacto umas com as outras, mesmo se esse contacto teve, algumas vezes, a forma do choque traumático.

Com a rede tem a ver a presente crise da multiplicação dos activos financeiros sem nenhum pé na realidade, da qual a ganância dos homens só pode ser uma causa secundária, porque o crescente divórcio entre a realidade e a sua representação está no código mesmo da última das revoluções: a da informação. Esta crise é como o excesso de tensão num cérebro em sobrecarga que, além disso, tem uma actividade cada vez mais independente do corpo.

Michael Crichton, recentemente falecido, vaticinava que os actuais mass media desapareceriam todos no espaço duma década, como os dinossauros. Talvez que isso signifique que a rede, ou as redes, controlarão melhor a sua tensão e que os gananciosos e os terroristas perderão o seu campo de manobra.

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