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"Se um Americano, um Inglês e um Hindu estão juntos, os dois primeiros têm em comum o que nós chamamos a cultura ocidental, quer dizer, uma certa participação numa atmosfera intelectual composta pela ciência, a técnica e os princípios democráticos. A tudo isso o Hindu é estranho. Em contrapartida, o Inglês e ele têm em comum qualquer coisa que faz em absoluto falta ao Americano. Essa coisa é um passado. Os seus passados são decerto diferentes. Mas muito menos do que se crê. O passado da Inglaterra é o Cristianismo, e antes um sistema de crenças provavelmente próximo do helenismo. O pensamento hindu está próximo de um e de outro."
"A propos de la guerre coloniale" (Simone Weil)
Nesta geografia espiritual, o Ocidente absoluto seria a América e, no outro extremo, estaria o Oriente (donde vem tudo, disse o poeta, e Simone insiste: o nosso passado vem em grande parte do Oriente).
A Europa seria, assim, uma espécie de "média proporcional" entre a América e o Oriente.
Podemos, claro, apoiar-nos numa ou noutra dessas tendências. Mas já Franco dizia que os Americanos são demasiado infantis. A expressão é feliz, mesmo vinda de quem vem. Porque a infância ainda não tem passado. E "se o homem tem necessidade de um socorro exterior, e se se admite que esse socorro é de ordem espiritual, o passado é indispensável, porque ele é o depósito de todos os tesouros espirituais." (ibidem)
A americanização crescente do nosso estilo de vida, desde a cultura até aos hábitos de alimentação, levou-nos já para demasiado longe da influência oriental. E é verdade que o mais característico dessa transformação é o fetichismo do novo e do presente, ficando o passado e as tradições relegados, no melhor dos casos, para o turismo cultural.
Mas a América não precisa menos de nós do que nós precisamos do Oriente. No entanto, a Europa de que os Americanos precisam não é um subproduto da sua própria cultura desenraizada.
Nos tempos de crise, como os que atravessamos, podemos perceber isso melhor.
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