quinta-feira, 28 de agosto de 2008

UMA QUESTÃO DE BOM GOSTO


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"A exclusão da sexualidade presumivelmente implicava também uma relação escondida com o sistema social estratificado. A absorção sem reservas da atracção sexual pelo código do amor teria deixado aberta a porta à promiscuidade de todas as classes. A Marquesa de M. enfatizava nas suas cartas que não precisava de se apoiar na sua virtude para se defender dos admiradores burgueses; sendo o bom gosto tudo o que era requerido em tais casos."

"Love as Passion" (Niklas Luhmann)


Não é esse o drama de Lady Chatterley, no romance de D.H. Lawrence?

A partir do momento em que a ideia da virtude é objecto de exame, dentro da tendência para a "individualidade reflexiva", o bom gosto não é suficiente para evitar a "promiscuidade".

Para Lady Chatterley, o bom gosto era até suspeito porque se encontrava no caminho do amor romântico e da consciência social.

Esta demarcação social pelo gosto, longe de ter passado à clandestinidade, nos nossos dias, foi indexado ao dinheiro e ao consumo de prestígio, pelo que tem um futuro muito promissor, mesmo se quase deixou de funcionar no campo sexual.

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