Um casal discute sobre o desejo numa paisagem da Toscânia. Ela acha-o inoportuno e ambíguo. Afinal, ele ama-a ou apenas procura satisfazer o desejo?
A seguir, numa esplanada da praia, aparece o outro elemento da tríade: uma amazona que vem procurar maçãs para o seu cavalo.
Sozinho, ele procura a desconhecida na sua torre isolada. Fazem amor, despreocupadamente, e, no final, ele despede-se beijando-lhe os dedos dos pés.
A primeira mulher recebe um telefonema de Paris. Ele tem diante de si o espectáculo da neve. Ela diz que gostava de o ter sempre por perto.
Na sequência final, as duas mulheres, cada uma pelo seu lado, entregam-se ao prazer do sol e da água. Cloé passeia pela praia e a amazona estende-se na areia. E o filme termina com o encontro dos dois corpos nus, um projectando a sua sombra sobre o outro.
"Il filo pericoloso delle cose" é um dos episódios de "Eros" (1994) assinado por Antonioni.
Como sempre, as suas cenas são enigmas, prestando-se a mais do que uma interpretação.
O homem aparece aqui como um condutor do narcisismo feminino, no papel inverso daquele que lhe atribui a nossa cultura, Eros sendo a continuação do espelho "por outros meios".
É quando está longe que o amante transmite melhor.
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