segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O REDUCIONISMO



"Para a direcção técnica administrativa à subordinação a um plano económico geral corresponde o método de direcção directamente determinado pela tecnologia sob a forma de programas para a produção e distribuição. A vitória gradual desta tendência significa a gradual extinção da lei como tal."

E.B. Paschukanis, citado por Friedrich Hayek (in "The Constitution of Liberty")


Há um aparente bom senso e uma aparente racionalidade nesta subordinação administrativa à economia que se pretendia liberta dos "antagonismos de classe".

E a extinção da lei não é mais do que uma concomitância do gradual "deperecimento do Estado", anunciada pelas profecias.

Mas o sistema económico não se deixa assim isolar numa totalidade independente dos outros sistemas, erigindo-se do mesmo passo em norma a que se deveria subordinar uma administração simplificada e sem as contradições próprias à esfera do poder.

Aquilo que levou ao falhanço do grandioso plano de dirigir o Estado e a sociedade pela Razão foi o reducionismo teórico que ignorou, ao mesmo tempo, a complexidade social e a inserção dos sistemas numa totalidade não-racional, numa ambiência que não é, nem pode ser, determinada pelas decisões humanas.

O declínio da lei assume, assim, o carácter paradoxal de uma rendição do homem às forças económicas e sociais que assim abdica do uso vital dos instrumentos da razão.

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