terça-feira, 26 de agosto de 2008

A ESTÉTICA NO CAMPO

"A Greve" (1923-Serguei Eisenstein)


"O modo de ver as coisas dos camponeses é realmente diferente do das massas urbanas. Chegou-se, por exemplo, à conclusão de que um público camponês não é capaz de apreender duas séries simultâneas de acontecimentos, e não há filme que não as contenha às centenas."

"Sobre a situação da arte cinematográfica russa" (Walter Benjamin)


Benjamin escreve sob a influência da sua visita a Moscovo em 1927. É claro que pensamos logo no cinema de Eisenstein e no seu recurso tão poderoso à montagem paralela.

A julgar pela opinião acima, a estética destes filmes passaria muito por cima da cabeça das massas rurais da altura e, logo, o valor da propaganda que não deixava de ser a produção deste génio do cinema seria muito diminuto.

Uma coisa é, de facto, a consciência dos actores da Revolução e outra aquela que os líderes lhes supõem. A própria violência que teve de se usar nos campos é o sinal de que não se podia contar muito com a propaganda e muito menos com a arte "revolucionária".

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