"Mesmo a intuição de que há formas de informação em cada um dos nossos humores, em cada uma das nossas especulações e particularmente no modo como vemos a outra pessoa, as quais a outra pessoa não suportaria ouvir, não chegaria ao fundo do nosso problema. O problema em questão é muito mais radical e centra-se em saber se não há sentido - especialmente nas relações íntimas - que é destruído em virtude de se falar nele."
"Love as Passion" (Niklas Luhmann)
A incomunicabilidade no amor teria sido, segundo este autor, uma das descobertas que o século XVIII deixou à posteridade.
O problema não residia numa falta de habilidade, mas na "falta de capacidade para a sinceridade."
Aquele século levou a retórica ao extremo de se perder a fé nas palavras. Se houve um tempo em que duas pessoas pensavam comunicar através de formas convencionais, o excesso do artifício despertou as consciências para o "erro de comunicação".
Podemos entender essa situação tanto melhor quanto a retórica da publicidade invadiu todo o espaço da comunicação.
Não há situação real que não encontre um modelo virtual nos mass media, e se o romance foi responsável, um século atrás, por uma certa ideia do amor, percebemos quanto a comunicação (da sinceridade) depende de se evitar ser "rastreado" pelo código dos media.
Quando isso se torna impossível ou demasiado difícil, ambos os parceiros, como diz Luhmann, podem achar preferível a não-comunicação ao erro de comunicação.
0 comentários:
Enviar um comentário