Jacques Hébert (1757-1794)
"Danton reproduziu a antiga proposta de Robespierre, que se assalariassem aqueles que assistissem às assembleias das secções, os quais receberiam dois francos por sessão; as sessões não se fariam senão aos domingos e às quintas-feiras. À custa disto mantinha-se um simulacro das secções, o que era útil para que cada uma delas não fosse inteiramente absorvida pelo seu comité revolucionário."
"História da Revolução Francesa" (Jules Michelet)
O expediente já tinha sido utilizado na Antiguidade. O sentimento do dever, fora dos momentos de entusiasmo popular, nem sempre é suficiente para assegurar o quorum.
Quando se sabe que ao lado destas secções, cujos membros tinham de ser pagos para aparecerem, resfolegava a locomotiva dos enragés: "os verdadeiros e os falsos raivosos, anarquistas e monárquicos, estavam combinados para dar um golpe na Comuna e na Convenção."
Portanto, a Revolução, no que ela tinha de promessas com futuro, estava paralisada pelo medo que homens como Danton e Robespierre tinham de desmascarar e combater o extremismo.
No fundo, isso significava que não confiavam no chamado instinto popular, pois nunca se sabia o efeito que teria nas massas uma campanha de pasquins como "Le Père Duchesne" ou a demagogia assassina de um Chaumette ou de um Hébert. Michelet descreve este último como uma personalidade mesquinha, "a sua atitude de pequeno peralvilho que encobria o pequeno velhaco, os seus tristes precedentes (de vendedor de bilhetes e amanuense pouco fiel), tudo isto o fazia hesitar um pouco em encarregar-se do governo da França."
Mas é o próprio historiador que nos desencaminha com as suas categorias políticas. Para que dizer comité revolucionário, quando era, no seu espírito, todo o contrário?
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