terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O ANÚNCIO DE CLINT

Clint Eastwood


"A América está no intervalo. E a nossa segunda parte está prestes a começar."


Esta metáfora futebolística proferida por Clint Eastwood, no final do campeonato, atraiu todas as atenções e deu lugar, como não podia deixar de ser, na actual conjuntura política, a não pouca polémica.

A Chrysler ao pôr um "duro" do cinema a fazer o seu anúncio comercial, naquelas circunstâncias, não podia ignorar a irradiação política da metáfora.

Já não se tratava do regresso aos lucros duma marca de automóveis quase falida que teve de ser assistida pelos fundos públicos. É o país que se revê no optimismo daquela imagem e que quer acreditar que as dificuldades do presente são o intervalo antes do regresso em força da "equipa" na segunda parte.

Se o partido republicano viu na mensagem de Clint (ele próprio, ironicamente, um conservador) o apoio disfarçado à reeleição de Obama, isso pertence ao domínio da chicana. O importante é que um acto publicitário, um anúncio comercial,  tenha podido corresponder ao anseio popular com uma imagem na melhor tradição do que os americanos querem crer que seja a sua gesta, coisa de que nenhum político, por mais experimentado ou com maior eloquência foi capaz de se aproximar.

A conclusão, acho que não poupa o actual descrédito da política. Ao ponto dum produto da "fábrica dos sonhos" ( ou das mentiras ), como o velho cow-boy (mas portentoso realizador), num acto da mais inequívoca artificialidade, isto é, duma arte consabidamente para não ser levada a sério, ter sido credivelmente "autêntico"..
 
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