Clint Eastwood |
"A América está no intervalo. E a nossa segunda
parte está prestes a começar."
Esta metáfora futebolística proferida por Clint Eastwood,
no final do campeonato, atraiu todas as atenções e deu lugar, como não podia
deixar de ser, na actual conjuntura política, a não pouca polémica.
A Chrysler ao pôr um "duro" do cinema a fazer o
seu anúncio comercial, naquelas circunstâncias, não podia ignorar a irradiação
política da metáfora.
Já não se tratava do regresso aos lucros duma marca de
automóveis quase falida que teve de ser assistida pelos fundos públicos. É o país
que se revê no optimismo daquela imagem e que quer acreditar que as
dificuldades do presente são o intervalo antes do regresso em força da
"equipa" na segunda parte.
Se o partido republicano viu na mensagem de Clint (ele
próprio, ironicamente, um conservador) o apoio disfarçado à reeleição de Obama,
isso pertence ao domínio da chicana. O importante é que um acto publicitário,
um anúncio comercial, tenha podido
corresponder ao anseio popular com uma imagem na melhor tradição do que os
americanos querem crer que seja a sua gesta, coisa de que nenhum político, por
mais experimentado ou com maior eloquência foi capaz de se aproximar.
A conclusão, acho que não poupa o actual descrédito da
política. Ao ponto dum produto da "fábrica dos sonhos" ( ou das
mentiras ), como o velho cow-boy (mas portentoso realizador), num acto da mais
inequívoca artificialidade, isto é, duma arte consabidamente para não ser levada a
sério, ter sido credivelmente "autêntico"..
Publicidade: 1; Política: 0.
0 comentários:
Enviar um comentário