"Se eu te esquecer, Jerusalém, que a minha mão
direita seque. Que a língua se me cole ao céu-da-boca, se deixar de pensar em
ti, se não te preferir Jerusalém a todas as outras alegrias (...)"
(Sl 137, 5-6)
Que mortal esquecimento é este? Não é o duma cidade real,
a pátria "aqui em baixo". E não é esquecer o que nos devemos a nós próprios, a alma
individual.
Régis Debray ("Dieu: un itinéraire") já nos
chamou a atenção para a revolução do portátil, o essencial da cultura num livro
que se leva consigo para qualquer lugar da terra.
Mais do que a invocação de Jeová, que essa pode
reduzir-se ao diálogo do crente com o seu deus, invocar o nome da cidade é
sentir-se parte dum povo que vive em comum na terra da alucinação e na terra
sempre estrangeira.
Por isso, a entidade geo-política que dá pelo nome de Israel, de certo modo, destruiu a cidade celeste.
Este regresso à Terra Santa do povo judaico,
permiti-lhes, de facto, esquecer Jerusalém. Nenhuma utopia sobrevive à prova do
real.
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