quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A ACÇÃO ATRAVÉS DAS HISTÓRIAS



"(...) toda a gente fora da cidade (polis) - escravos e bárbaros - era 'aneu logou', privada, claro, não da faculdade da fala, mas dum modo de vida em que o discurso e só o discurso fazia sentido, e em que a preocupação central de todos os cidadãos era falar uns com uns outros."
(Hannah Arendt, citado por Jacques Taminiaux)


É porque toda a acção "se inscreve nesta rede (de relações e actos discursivos) que sempre produz histórias." A política não existe fora desta necessidade de contar histórias. No fórum, os cidadãos procuravam a origem da acção e o seu sentido. Essa situação tinha como premissa a liberdade dos espíritos.

Os "aneu logou" não podiam ter esse espírito, segundo os Gregos, por terem de obedecer, em primeiro lugar, à necessidade. A convivência daria, inevitavelmente, o protagonismo  à reivindicação social, porque a igualdade é a lei do espírito. As classes foram, por isso, uma espécie de acelerador histórico e  a primeira versão do "apartheid". No essencial, correspondem, para falar na linguagem dos gestores modernos, a um mecanismo de optimização dos recursos. A sociedade não espera pelo nivelamento para agir (no sentido acima). As elites são assim criadas e levadas a pensar que o são pela graça dos deuses.

O próprio Marx, que reconhecia o papel historicamente progressista do capitalismo, podia subscrever.

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