Joachim du Bellay (1522/1560) |
"J'ai oublié l'art de pétrarquiser,
Je crux d'Amour
franchement deviser:
Sans vous flatter et sans me déguiser:
Jeux qui font tant
de plaintes
N'ont pas le quart d'une vrai amitié..."
(Du Bellay)
Petrarca está fora de moda, certamente. Mas os
"jogos" do amor não estão nem podiam estar. Tudo sem que esteja em
causa a graça ou a sinceridade.
O poeta quer falar francamente, sem ter de usar de lisonja, nem ter de se disfarçar. A
consciência disso é que está a mais, diria eu. Porque a linguagem da paixão não
olha a tanto. Que sei eu se exagero sobre as perfeições que contemplo ou se me
apresento outro, escondendo os meus defeitos?
Aqui, o objecto da crítica é o amor "palaciano", ou a moda do
amor. Um certo cinismo que o envelhece. A referência a Petrarca bem no-lo indica.
Em todas as épocas,
o amor "culto" teve o seu modelo. Nos nossos tempos, existe
uma cultura de massas do amor, que procura o seu modelo no cinema, na
televisão, na música ou nas artes do espectáculo, com a indústria da publicidade
funcionando como a sua irónica redundância.
Mas a "franqueza de palavra" de que fala Du
Bellay renasce em cada amor novo. E o resto é forma, ponto de apoio e lugar de
invenção para a palavra.
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