sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

VESPASIANISMO

Vespasiano (9-79 d.C.)


“A ideia de que as obras públicas davam trabalho à plebe era familiar aos Antigos.”


“Le pain et le cirque” (Paul Veyne)


Veyne, citando Suetónio, diz que Vespasiano recusou utilizar máquinas para colocar as colunas do Capitólio, porque queria que a ‘pobre gente’ pudesse ganhar a sua vida (plebiculam pascere). Também, segundo Plutarco, os monumentos da Acrópole teriam sido mandados construir por Péricles ‘para fazer prosperar todo o tipo de indústrias.’”

O mesmo Estado que se permitia abastecer de trigo a baixo preço ou gratuitamente a plebe da capital (ou parte dela, a partir de Júlio César) adoptava uma política mais racional, no conceito moderno, ao criar trabalho em vez de prestar assistência.

No caso de Péricles, o Estado optou pelo embelezamento da cidade, cujos vestígios ainda hoje podemos admirar, mas que, na altura, certamente, não era o investimento prioritário, do ponto de vista “social” moderno.

O exemplo de Vespasiano parece ainda mais anti-moderno, pois o imperador, não se podendo guiar pela nossa ideia de progresso, não pensava cometer qualquer irracionalidade económica, ao empregar mão-de-obra “desnecessariamente”. Mas é verdade que certas ideologias do nosso tempo levam, muitas vezes, o Estado a políticas vespasiânicas de “pleno emprego”.



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