"Departures" (Yôgirô Takita) |
O tema faz lembrar a
novela “The loved one” de Evelyn Waugh, ou a série “Six feet under”, mas dum
modo elegíaco-metafísico que não rejeita o humor.
Daigo (Masashiro
Motoki) perde o emprego de violoncelista porque o dono da orquestra constata
que não tem público para Beethoven. A sua nova oportunidade é um ofício que ninguém
deseja: o de tanato-esteta. A sua função é a de preparar o morto para deixar à
família uma última imagem de beleza, adiando por um instante a ruína iminente,
antes da consumação pelo fogo.
Daigo passa por uma
verdadeira iniciação que começa pelos vómitos e a rejeição social para
encontrar o sentido religioso do rito. É uma dança delicada que o tanato-esteta
executa com a beleza e a gravidade que falta aos originais americanos, diante
do grupo dos íntimos na tradicional postura de joelhos. Em todos os gestos é
preciso, sobretudo, evitar que o corpo seja visto, mesmo se é preciso despi-lo
e lavá-lo. Todo o corpo é máscara e é a última máscara.
Mesmo se a prática é
mais uma das aculturações do Japão moderno, ela neste filme tem a autenticidade
do seu teatro ou da sua caligrafia.
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