quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

TEIMAR EM VIVER

Bento Spinoza (1632/1677)


“Uma empresa capitalista tem por função fazer lucros ou alargar o seu campo de acção, mas ela é também uma pessoa, que participa na tendência de se actualizar que pertence a todos os seres vivos; ela fará mecenato de empresa, a despeito da racionalidade económica.”

“Le Pain et le Cirque” (Paul Veyne)


Veyne faz ainda uma citação muito interessante de “Hérésies économiques” de Joan Robinson:

“Uma firma é de tal maneira uma pessoa que ela procura mais perpetuar-se no seu ser do que fazer lucros. Se não, as firmas menos prósperas deveriam, em nome da racionalidade económica, cessar toda a actividade e colocar todos os seus fundos na aquisição de firmas mais prósperas.”

Não é preciso apontar o exemplo do Estado que, como se sabe, tem uma lógica própria (que se tende a confundir com a “burocracia”) e as suas necessidades orgânicas independentes da função para que foi “criado”. A funcionalidade  de uma empresa também não pode deixar de ser afectada pela necessidade em que se encontram todos os seres, no dizer de Spinoza, de perseverarem no seu ser.

Não sei o que terá levado Veyne a considerar a então ponte Salazar como exemplo de mecenato de Estado disfuncional. Neste caso, o futuro não lhe deu razão. Mas não faltam os verdadeiros “elefantes brancos”, como uma grande parte dos estádios de futebol, certas auto-estradas ou o TGV para Espanha.

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