Bento Spinoza (1632/1677) |
“Uma
empresa capitalista tem por função fazer lucros ou alargar o seu campo de
acção, mas ela é também uma pessoa, que participa na tendência de se actualizar
que pertence a todos os seres vivos; ela fará mecenato de empresa, a despeito
da racionalidade económica.”
“Le
Pain et le Cirque” (Paul Veyne)
Veyne faz ainda uma
citação muito interessante de “Hérésies économiques” de Joan Robinson:
“Uma
firma é de tal maneira uma pessoa que ela procura mais perpetuar-se no seu ser
do que fazer lucros. Se não, as firmas menos prósperas deveriam, em nome da
racionalidade económica, cessar toda a actividade e colocar todos os seus
fundos na aquisição de firmas mais prósperas.”
Não é preciso apontar
o exemplo do Estado que, como se sabe, tem uma lógica própria (que se tende a
confundir com a “burocracia”) e as suas necessidades orgânicas independentes da
função para que foi “criado”. A funcionalidade
de uma empresa também não pode deixar de ser afectada pela necessidade
em que se encontram todos os seres, no dizer de Spinoza, de perseverarem no seu
ser.
Não sei o que terá
levado Veyne a considerar a então ponte Salazar como exemplo de mecenato de
Estado disfuncional. Neste caso, o futuro não lhe deu razão. Mas não faltam os
verdadeiros “elefantes brancos”, como uma grande parte dos estádios de futebol,
certas auto-estradas ou o TGV para Espanha.
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