terça-feira, 7 de dezembro de 2010

RELIGIÕES DE RITO


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“Será preciso lembrar que uma religião não existe em si, mas na alma dos seus fiéis, que aquilo que existe nas almas é fatalmente individual e que a atitude de dois indivíduos não é a mesma? Que, além disso, as religiosidades de rito são religiosidades de festa, de alegria popular, e que não se deve olhá-las com olhos puritanos?” 


(Nilsson, “Geschichte der griechischen Religion”, citado por Paul Veyne)


Vem esta citação a propósito de, na época helenística e romana, a religião ser “umas vezes o móbil principal, noutras o pretexto” para as festas. E Veyne conclui que a “piedade consistirá, portanto, em passar um dia agradável em companhia dos seus convidados”.

Não se trata aqui duma religião de crença, como é o Cristianismo. No caso destes pagãos que só comem carne nos dias em que se honra o seu deus, não é fácil destrinçar o prazer da piedade.

Na nossa sociedade secularizada, os feriados religiosos já não precisam de qualquer pretexto, pois pertencem ao sistema dos “direitos adquiridos”, tal como, de resto, as efemérides patrióticas ou as datas de celebração do regime. Porque também a política pode ser uma religião de rito.

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