sábado, 25 de dezembro de 2010

O ADVOGADO DO DIABO

Pantagruel


“Por isso é coisa vil em extremo (a disputa contenciosa), e deixa-a a esses malandros dos sofistas, os quais nas suas disputas não procuram a verdade, mas contradição e debate.”


“Pantagruel” (Rabelais)



Thaumast verbera os que roubaram o instrumento da sua arte para dele fazer mau uso. Mas é nossa sina sermos encantados pelas palavras. A palavra é sempre mais do que comunicação.

Há, por exemplo, as pessoas que gostam de se ouvir e as que escrevem tão bem que o trabalho do estilo facilmente as desencaminha.

Se alguém disser, numa conversa, que vai fazer o papel de “advogado do diabo”, todos percebemos que vai deixar de se preocupar com a verdade e incorrer na vileza que Rabelais imputava aos sofistas. Mas, de algum modo, entramos no jogo, convencidos de que essa forma de argumentar vai ser útil ao apuramento da verdade.

Contudo, imaginamos o diabo a imitar o Cristo, mas nunca o contrário.

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