Relatividade (M.C. Escher)
“A única
liberdade possível é a do espírito que julga, e não há outra liberdade política
a não ser essa. Daí a posição de Alain sobre a questão da educação cívica, a
qual abrange a questão da finalidade da educação em geral. Esta posição
resume-se em dois conceitos: obediência física e resistência intelectual. “Eu
ensino a obediência”, e este ensino é necessário uma vez que o poder é necessário.
Mas obedecer ao poder não obriga a respeitá-lo. O poder não deve ser amado, mas
julgado permanentemente. Tal é a vocação do cidadão.”
Phillipe Foray (Alain et
l'Éducation)
Como é que nos extraviámos tanto
nos caminhos da educação?
Para Alain, aquele que aprende o sentido
destas duas palavras: é necessário, já sabe muito.
Mas a magia tem avançado muito na nossa
sociedade. A última coisa que se aprende é o sentido da necessidade exterior (
a do mundo das coisas e a do mundo dos homens). Pelo contrário, ensinamos que
tudo é gratuito e vivemos numa placenta de marketing que nos quer convencer ( e
aos mais novos convence facilmente ) de que o mundo existe para adivinhar o
nosso prazer. Assim prolongamos a infância e ensinamos a desobediência.
Outra ideia de Alain: “Vós dizeis que é
preciso conhecer a criança para a instruir; mas não é verdade; eu diria antes
que é preciso instruí-la para a conhecer.”
Realmente, o que está na base deste
preconceito é uma teoria dos direitos, desligada da ética, e nisto se enquadra
o direito de ter uma opinião, mesmo absurda, como se isso fizesse parte da
dignidade pessoal. Tudo isto desaguou no pântano do “politicamente correcto”.
Outra coisa: o método, tão em voga, de
aprender fazendo tem o inconveniente de não se poder aplicar à teoria, que é o
nervo das grandes descobertas (como é que, fazendo, alguém chegaria a:
E=mc2?).
Mas a teoria, como tudo o que não
diverte e apraz à primeira vista é um “massacre”, como disse um estudante de
Física. É muito melhor aprender a Física como um jogo de computador.
0 comentários:
Enviar um comentário