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Roldana |
“(…)
a escola profissional foi instituída para pôr de pé este modelo impossível do
homem, que compreenderia até ali e não mais além. Era possível no tempo dos
ofícios misteriosos, onde o jeito manual era tudo; já não é possível no tempo
das máquinas, que são objectos sem nenhuma malícia e sem nenhum mistério. Foi
assim que se desenvolveu este materialismo operário, que é, talvez, coisa
imprevista, a única força moral a agir no mundo. O facto é que, um ajustamento
dente a dente é uma espécie de imagem da justiça. E, sobretudo, a prática das
máquinas predispõe à mudança imediata do que não corre como se queria.”
“Propos d’Économique”
(Alain)
Da mecânica à
electrónica e à computação vai uma distância que confunde o materialismo
ingénuo de que falava o filósofo no princípio do século vinte.
Se há uma “imagem da
justiça” nas novas condições, são outros os profissionais que dela beneficiam e
esses mesmos são uma elite. Já são as máquinas que objectivam o pensamento do
que é ajustado e que monitorizam o que funciona
e o que não.
O materialismo
operário tornou-se residual, e enquanto consumidor e utilizador da tecnologia,
o operário é tão “supersticioso” como qualquer outro. Na verdade, voltámos aos “ofícios
misteriosos” e perante o novo objecto quase todos somos leigos.
Quando antes podíamos
reduzir todas as máquinas a um princípio simples como a alavanca, o parafuso ou
a roldana, hoje temos de sair da natureza empírica para as explicar. O ensino
especializado revela isso mesmo e, com ele, o modelo do homem que só tem de
compreender até um certo ponto.
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