Gonçalo M. Tavares |
“Não
sei dar nomes às coisas que vejo, mas posso contá-las.
Em
vez de compreender ou explicar, contabilizar. Por exemplo, se naquele momento
Calvino estivesse rodeado de várias coisas informes de que desconhecesse função
e razão de existir, sempre poderia acalmar-se contando-as: uma, duas, três, quatro,
cinco, seis, sete, oito; oito coisas que não conhece. E esse número tão
familiar: 8, acalmava. Um, dois, três… oito monstros. Nesta situação, temos
pelo menos a contabilidade controlada, pensava Calvino.”
“O Senhor Calvino”
(Gonçalo M. Tavares)
Calvino, em vez de um
tem oito monstros. Talvez não esteja mais adiantado para qualquer fim prático.
Mas, como dizia Descartes, devemos começar por dividir a dificuldade…
Um sistema coerente
consigo próprio corresponde, além disso, à ideia do máximo controlo possível. E
quanto mais articulado, mais o mundo parece caber nele. Todos os modelos
económicos seguem o mesmo princípio.
O Senhor Calvino
está, pois, no caminho certo. E talvez esteja, aliás, mais avançado do que o
economista porque sabe que está a lidar com monstros.
0 comentários:
Enviar um comentário