sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

CALVINO E OS ECONOMISTAS

Gonçalo M. Tavares


“Não sei dar nomes às coisas que vejo, mas posso contá-las.

Em vez de compreender ou explicar, contabilizar. Por exemplo, se naquele momento Calvino estivesse rodeado de várias coisas informes de que desconhecesse função e razão de existir, sempre poderia acalmar-se contando-as: uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito; oito coisas que não conhece. E esse número tão familiar: 8, acalmava. Um, dois, três… oito monstros. Nesta situação, temos pelo menos a contabilidade controlada, pensava Calvino.”

“O Senhor Calvino”  (Gonçalo M. Tavares)



Calvino, em vez de um tem oito monstros. Talvez não esteja mais adiantado para qualquer fim prático. Mas, como dizia Descartes, devemos começar por dividir a dificuldade…

Um sistema coerente consigo próprio corresponde, além disso, à ideia do máximo controlo possível. E quanto mais articulado, mais o mundo parece caber nele. Todos os modelos económicos seguem o mesmo princípio.

O Senhor Calvino está, pois, no caminho certo. E talvez esteja, aliás, mais avançado do que o economista porque sabe que está a lidar com monstros.

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