terça-feira, 14 de dezembro de 2010

POTE DE BARRO E POTE DE FERRO




“Ter-se-á, então, ficado fascinado pelo imobilismo político da Índia, pela sua maneira de ser, em certo sentido, fora da história. Hegel lembra a situação presente, e explica-a à sua maneira: ‘Os Ingleses, ou melhor, a Companhia da Índias Orientais, são os donos do país, porque o destino fatal dos impérios asiáticos é o de se submeterem aos Europeus.’”


“L’oubli de l’Inde, une amnésie philosophique”  (Roger-Pol Droit)


À luz das realidades do nosso presente, Hegel não podia estar mais enganado. Mas durante um tempo pôde-se pensar como ele, e esse Oriente contemporâneo do filósofo tinha tudo para ser “imobilista”, a começar por uma religião fatalista, sem Deus a “sondar-lhes os rins”, mas que ensinava a abandonar o mundo e os êxtases do nirvana.

Terá o encontro com o Ocidente ( e a Companhia das Índias) sido uma espécie de choque entre o pote de barro e o pote de ferro?

A chamada “guerra do ópio” é um dos mais lamentáveis episódios desse encontro, e a política seguida pelos europeus só é comparável a um mundo dominado pelos narcotraficantes.

Hegel esqueceu que, em maior ou menor medida, qualquer encontro modifica a identidade dos que se encontram, contra a sua própria lição de que os escravos, pelo trabalho, se tornam senhores dos senhores.

0 comentários: