“Ter-se-á,
então, ficado fascinado pelo imobilismo político da Índia, pela sua maneira de
ser, em certo sentido, fora da história. Hegel lembra a situação presente, e
explica-a à sua maneira: ‘Os Ingleses, ou melhor, a Companhia da Índias
Orientais, são os donos do país, porque o destino fatal dos impérios asiáticos
é o de se submeterem aos Europeus.’”
“L’oubli de l’Inde, une amnésie philosophique” (Roger-Pol Droit)
À luz das realidades
do nosso presente, Hegel não podia estar mais enganado. Mas durante um tempo
pôde-se pensar como ele, e esse Oriente contemporâneo do filósofo tinha tudo
para ser “imobilista”, a começar por uma religião fatalista, sem Deus a “sondar-lhes
os rins”, mas que ensinava a abandonar o mundo e os êxtases do nirvana.
Terá o encontro com o
Ocidente ( e a Companhia das Índias) sido uma espécie de choque entre o pote
de barro e o pote de ferro?
A chamada “guerra do
ópio” é um dos mais lamentáveis episódios desse encontro, e a política seguida
pelos europeus só é comparável a um mundo dominado pelos narcotraficantes.
Hegel esqueceu que,
em maior ou menor medida, qualquer encontro modifica a identidade dos que se
encontram, contra a sua própria lição de que os escravos, pelo trabalho, se
tornam senhores dos senhores.
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