Torre Eiffel e a École Militaire (http://www.rentmyhomeinparis.com) |
“O
inspector-geral mostrou um rosto descontente. Quando apanhou o professor longe
dos olhares: ‘Meu caro,’ disse-lhe ele, ‘você insiste demasiado sobre isso de
que somos ‘burros velhos’ a que no entanto é preciso obedecer! E isso vai
directamente contra a sua conclusão. Porque, se é melhor acreditar que o
comando não se engana, por que supõe você mesmo que ele se engana?’ ‘Mas’,
disse o outro, ‘justamente eu explico por que não se deve dizer que ele se
engana, nem mesmo dizê-lo a si mesmo.’ ‘Por que então,’ diz o inspector-geral, ‘por
que dizer que não se deve dizer? Pratique você mesmo a sua moral, e prove, pela
história das guerras, que o nosso Estado-Maior tem sempre razão. E não diga que
isso não é fácil de provar: porque a ideia mesma é prejudicial, sendo contrária
ao espírito de execução.’ Foi assim que o curso de moral foi substituído por um
curso de estratégia e que o tenente-coronel Subtil foi despachado para as
forjas e arsenais.”
“Le citoyen
contre les pouvoirs” (Alain)
Pode dizer-se que o
tenente-coronel que ensinava na escola militar tinha demasiados escrúpulos (estava
num curso de moral, imagine-se!) para defender a obediência cega, tal como as
guerras o exigem ( eu conheci um outro coronel que dizia que a maior virtude do
soldado era a fidelidade canina). Mas Subtil quer fazer justiça à capacidade de pensar dos
seus homens, assim como que a pretender dourar a obediência forçada por um
consentimento da razão. Alain diz que Subtil é mais um jansenista perdido no
exército.
A verdade é que a
lógica militar é o contrário da liberdade do espírito e impõe-se tanto à “belle
âme”
como o mais rotundo beócio.
Por isso, não há mal
maior e mesmo a prepotência dum chefe ou da direcção duma empresa é moderada em comparação.
Existirá alguma
preparação “democrática” para a guerra? Não é o que se vê nos filmes
americanos.
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