segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A VERGONHA





"Mas toda a acuidade da vergonha, tudo o que ela comporta de excruciante, consiste precisamente na impossibilidade em que estamos de nos identificarmos com este ser que já nos é estranho e cujos motivos de acçāo nāo podemos compreender."

"De l'évasion" (Emmanuel Lévinas)


A humilhação de não ter o controle de si próprio, de ter fora de si os comandos do seu destino, ou, descoberta mais recente, que existe dentro de si um enclave que o considera estrangeiro, é no entanto a mais familiar das experiências. Como é que a vergonha pode ter um âmbito tão irrisoriamente restrito, quase confinada ao sentimento que temos perante os outros e que o pudor ou a moral cívica parecem representar?

Talvez a vergonha perante nós próprios não seja tão natural assim e que são precisamente os outros que nos impedem que nos olhemos no espelho...



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