“Não há saber do saber, dizia Platão, nem tampouco há discurso do futuro discurso. Não existem problemas já colocados que esperem no futuro um pensamento que só tenha que os colocar a si mesmo para os resolver, de tal modo que com um pouco de generosidade crítica, os poderia antecipar; a humanidade nisso não vê mais longe do que a ponta do seu nariz e só se coloca como problema aquilo em que tropeça.”
“Le Pain et le Cirque” (Paul Veyne)
Temos de concluir que as intuições de Leonardo, por exemplo, não correspondiam a problemas objectivos que a humanidade se pudesse colocar. Por isso são um pouco como as espécies abortadas que a natureza abandonou como uma experiência falhada. Nem sequer se pode dizer que o estudo da aviação, por exemplo, precisasse desse começo, tão diferente é tropeçar na coisa e imaginá-la.
Não menos interessante é a ideia duma incapacidade, não já para o futuro, mas dirigida ao passado, por se ter perdido o verdadeiro contexto dos problemas. Talvez aquilo que pensamos sobre isso pouco tenha a ver com os problemas históricos, e sejam antes a retro-projecção do que julgamos saber hoje.
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