terça-feira, 19 de outubro de 2010

O ESPÍRITO DAS SEITAS

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“Na época helenística e romana, a verdadeira religião desvia-se cada vez mais da religião colectiva e refugia-se nas seitas. Os Gregos sentiam bem que os seus sacrifícios públicos eram sobretudo um pretexto para os homens se fazerem banquetear; os sacerdotes ou comissários que os ofereceram, dizem os decretos, ao mesmo tempo honraram os deuses e satisfizeram os homens, ele fizeram, simultaneamente, prova de piedade e patriotismo.”

“Le Pain et le Cirque” (Paul Veyne)



Infelizmente, a religião também pode ser infiltrada pela vasa da comodidade e dos interesses, tal como os partidos mais idealistas o são, mesmo antes de chegarem ao poder. A frase de Lord Acton de que o poder absoluto corrompe absolutamente é a tradução de uma verdade fisiológica. Ninguém aguenta muito tempo na ponta dos pés, e a necessidade não tarda a recobrar os seus direitos.

Por isso é que não se pode confiar, mesmo nos mais altos espíritos, sempre que lhes permitimos esquecer que também são homens.

Diz-se, e bem, que o poder é um afrodisíaco, mas, aplicado aos poderosos e não aos que se deixam seduzir, é certamente, por dirigir a loucura do desejo para a manipulação dos homens e não para o amor.

As seitas religiosas são, por um breve tempo, uma aparente cura do poder e dos interesses.

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