“A oligarquia senatorial tinha mais uma razão para
aceitar de bom grado a pitoresca e ruinosa tarefa de editor de jogos: os
espectáculos eram, para os candidatos às magistraturas, um “muro de dinheiro”
que barrava o acesso do Senado a quem não fosse rico; mais exactamente, a
oligarquia não era hostil aos jogos, porque bastava, para franquear esse muro, ter
dinheiro mais do que mérito; os espectáculos eram uma barreira de classe mais do
que uma barreira individual; o Senado só era acessível à oligarquia e era-o a
toda a oligarquia.”
“Le Pain et le Cirque” (Paul
Veyne)
O princípio
funciona se o aplicarmos, por exemplo, à informação se a considerarmos, como
alguns, o verdadeiro poder dos nossos tempos.
As “auto-estradas”
da informação são apenas uma homenagem a esse poder, e em democracia não se
compreenderia que estivessem fechadas a todo e a qualquer um.
Todos têm
acesso à informação, mas, na prática, alguns apenas, a chamada “intelligentsia”, sabem orientar-se no
meio de um tráfico aparentemente caótico.
A informação
como critério do poder é mais democrática e racional, mas é também a
demonstração de que a igualdade permanece uma utopia.
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