terça-feira, 26 de outubro de 2010

O MURO DO DINHEIRO







“A oligarquia senatorial tinha mais uma razão para aceitar de bom grado a pitoresca e ruinosa tarefa de editor de jogos: os espectáculos eram, para os candidatos às magistraturas, um “muro de dinheiro” que barrava o acesso do Senado a quem não fosse rico; mais exactamente, a oligarquia não era hostil aos jogos, porque bastava, para franquear esse muro, ter dinheiro mais do que mérito; os espectáculos eram uma barreira de classe mais do que uma barreira individual; o Senado só era acessível à oligarquia e era-o a toda a oligarquia.”

“Le Pain et le Cirque” (Paul Veyne)


O princípio funciona se o aplicarmos, por exemplo, à informação se a considerarmos, como alguns, o verdadeiro poder dos nossos tempos.

As “auto-estradas” da informação são apenas uma homenagem a esse poder, e em democracia não se compreenderia que estivessem fechadas a todo e a qualquer um.

Todos têm acesso à informação, mas, na prática, alguns apenas, a chamada “intelligentsia”, sabem orientar-se no meio de um tráfico aparentemente caótico.

A informação como critério do poder é mais democrática e racional, mas é também a demonstração de que a igualdade permanece uma utopia.  

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