quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A RELIGIÃO CIVIL


The Declaration of Independence


"Os feriados americanos, tal como o "Thanksgiving" e o "Fourth of July", podem incorporar uma "religião civil", unindo os Americanos, dando-lhes a conhecer o que são e celebrando o seu modo de ser um povo (Bellah 1967). Mas, na prática, a maneira dos grupos recreativos celebrarem estes – e todos os outros – feriados revelou uma "religião civil" cujo objecto de veneração era o próprio consumismo. Comparem-se as celebrações de Buffalo com incarnações mais antigas dos mesmos feriados. No Orange County, Califórnia, no fim dos anos 1880, por exemplo, alguns homens proeminentes do lugar ter-se-iam levantado nas celebrações do 4 de Julho para ler a Declaração de Independência (Hansen e Ryan 1991). Toda a cidade assistiria à parada – preparada com a "prata da casa" – e as celebrações eram como uma de Anaheim, em 1885, que celebraram os marchantes como "cidadãos" e membros de organizações cívicas."

"Avoiding politics" (Nina Eliasoph)


É admirável que ainda em 1880, naquelas circunstâncias, se pudesse ler a Declaração de Independência, cem anos depois dos acontecimentos. Sabemos, entre nós, como já hoje, pouco mais de trinta anos passados, os ideais de Abril parecem, à maioria dos eleitores, pelo menos, ingénuos. Talvez a luta política, tal como a vivemos, seja responsável por um desgaste mais rápido das palavras. O certo é que a celebração do consumismo, por ocasião do que deveria ser um ritual cívico já não distingue os dois lados do Atlântico.

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