"O regresso ao irracional é, antes de mais nada, uma tentativa de preencher o vazio criado pela decadência da religião. Sob este grande acesso de irracionalidade encontra-se aquela nostalgia do absoluto, aquela fome de transcendente que observámos nas mitologias, nas metáforas totalizadoras da utopia marxista da libertação do homem, na visão freudiana do sono absoluto de Eros e Tanatos, na punitiva e a apocalíptica ciência do homem desenvolvida por Lévi-Strauss."
"Nostalgia do Absoluto" (George Steiner)
Ter a resposta para todas as perguntas é a grande diferença da religião em relação à ciência, ao ateísmo, ou a qualquer ideologia.
No fundo, talvez todos desejemos uma "feliz" integração não só no meio mais próximo, mas no próprio universo. E isso é o que não está ao alcance do homem-problema, dotado do órgão mais eficaz para se adaptar e encontrar soluções, mas sempre aquém da paz interior (mesmo a fé em Deus deve ser vivificada pela dúvida).
Por isso, sonhamos com uma teoria que explique tudo, mesmo os seus próprios fracassos. E para não sermos acusados de obtusa ideologia, preferimos chamar a essa teoria: método. Mas é sempre o discurso do dito.
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