sábado, 11 de julho de 2009

OS CORDELINHOS DO FUTURO


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"'Hoje sabemos que, quer gostemos quer não, temos de viver sem grande confiança em prospectos seguros quanto ao futuro'. O seu ponto é mais propriamente que o geral reconhecimento de ignorância, insegurança e impotência não parece impedir o alastramento das reivindicações (às vezes extravagantes) do conhecimento acerca do futuro de aparecerem regularmente na lei e na política. Para Luhmann, as expectativas do poder profético e preditivo destes sistemas podem muito bem parecer necessárias às suas operações. No entanto, ele continuamente enfatiza que qualquer semelhança entre as tentativas para cumprir essas expectativas e o que futuro realmente reserva é pura coincidência."


"Theory of Politics and Law" (Michael King e Chris Thornhill)


Se todas as previsões cumpridas do futuro são simples coincidências, não são por isso menos necessárias. São teorias que nos permitem agir e organizar o sentido das coisas.

Porém, o reconhecimento da sua natureza hipotética devia levar-nos a abster-nos de modificar o presente com base em grandes perspectivas quanto ao futuro. O futuro a longo prazo devia permanecer utópico e não ser mais do que uma vaga aspiração da alma humana, isto se formos optimistas.

A lei da contingência de todas as nossas previsões do futuro é talvez a maior causa de decepção de que são motivo todos os políticos e governantes. O seu dilema é que precisam de apontar metas e de se comprometer com o futuro, mesmo que seja o próximo futuro. Como não podem existir tantas coincidências quantas as promessas, o seu destino é bem de lamentar, porque são julgados como se tivessem tido alguma vez nas mãos os "cordelinhos" do futuro.

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