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"Os textos solicitados em reacção ao 11 de Setembro caracterizam-se então pela emoção específica de uma performance pós-traumática. Constituem uma forma espontânea de reacção política."
"O Terror Espectáculo:Terrorismo e Televisão" (Daniel Dayan)
Mas se essa reacção é compreensível e até desejável, o facto de "alguns artigos resvalarem insensivelmente do eu para um nós", que é "o mais perigoso de todos os pronomes" (Annabelle Sreberny), pelo contrário, não pode ser aprovado.
O espaço público invadido por uma emoção legítima deixa de poder cumprir a sua função reguladora da vida política, onde a discussão racional das ideias pode encontrar as condições mínimas para se exercer. Quando a própria intelligentsia é aspirada pela força desse "nós" emocional, toda a sociedade corre o risco de fazer escolhas fatais.
Como diz Dayan, o "nós" pode transformar-se numa arma. Não é por acaso que esse pronome é o principal ingrediente ideológico de certas organizações.
O sentimento de pertença a um colectivo é o que há de mais natural e encontra expressão no fenómeno religioso. Mas a civilização, tal como a conhecemos, faz-se no movimento inverso, a fim de que o "nós", quando invocado legitimamente, seja constituído por uma maior riqueza e variedade dos indivíduos.
Se, como alguém disse, toda a educação deve ser uma acção correctora dos media (quaisquer que eles sejam), a verdadeira política deveria moderar todo o emprego abusivo do "nós".
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