Máscara Luba, Congo
"A existência de 'fiel' do barão, vivendo, por causa de Charlie, apenas no pequeno clã, tinha tido, para quebrar os esforços que ele fizera durante muito tempo para manter uma aparência enganosa, a mesma influência que uma viagem de exploração ou a permanência nas colónias em certos europeus que aí perdem os princípios directores que os guiavam em França."
"La Prisonnière" (Marcel Proust)
Com isso, Charlus acabou por se familiarizar com a sua anomalia, "ao ponto de já não se aperceber que não podia sem perigo confessar aos outros o que acabara sem vergonha por confessar a si próprio."
Não sei se, a propósito deste abandono inconsciente da "máscara", podemos falar em mudança de personalidade. Afinal, todos os esforços para manter uma aparência de virilidade não podiam esconder ao observador preparado a natureza profunda. É o narrador que, no primeiro encontro, confunde a atenção apaixonada com o olhar dum louco ou de quem o pretendia, talvez, assaltar.
Mas a personalidade é, até certo ponto, uma escultura social.
A experiência que todos podemos comprovar duma certa desinibição quando estamos no estrangeiro é, ao mesmo tempo, uma libertação e a falta dum apoio, o princípio de um desmoronamento.
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