Os Everglades do sul da Florida
"Se formos honestos, então, o argumento de que o comércio leva ao crescimento económico, o qual leva à alteração climática, conduz-nos a uma única conclusão: deveríamos cortar os nossos laços comerciais para termos a certeza de que os chineses, os indianos e os africanos continuem pobres. A questão é se qualquer catástrofe ambiental, mesmo uma severa mudança climática, poderiam infligir o mesmo terrível custo humano quanto manter três ou quatro biliões de pessoas na pobreza. Fazer essa pergunta é responder-lhe."
"The Undercover Economist" (Tim Hartford)
Hartford desmonta todos os argumentos contra a liberdade do comércio mundial, e é difícil não estar de acordo com ele, sobretudo quando parece haver, para usar uma imagem conhecida, uma mão invisível que faz com que, no final, todos fiquem a perder.
Veja-se o que se passou nos EEUU em 1998, quando os produtores de açúcar americanos receberam um subsídio de 1 bilião de dólares (metade dessa verba foi parar às mãos de apenas dezassete agricultores). Essa protecção da produção doméstica prejudicou os produtores de açúcar da Colômbia que tiveram de se virar para a produção de cocaína, com os efeitos desastrosos que se sabe sobre a saúde dos americanos e o aumento do crime e da corrupção. Hartford nem aos ambientalistas concede uma compensação. A produção subsidiada encoraja as formas intensivas de exploração, e o que se passou foi que a poluição química resultante da produção intensiva se tornou numa séria ameaça para os Everglades do sul da Florida.
Mas serão exemplos como estes suficientes para condenar todo o proteccionismo como contraproducente?
O apostolado de Hartford a favor do comércio sem barreiras parte da premissa de que há apenas uma espécie de desenvolvimento e que, por isso, é retrógrado, senão inútil, impedir quaisquer trocas comerciais.
Não estará, porém, a diversidade do planeta ligada a tempos diferentes e a caminhos diferentes, e a racionalização económica não será uma simplificação destruidora dessa diversidade?
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